sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Náutico Globalizado


“Não existe mais bobo no futebol”. “Os empresários mandam no futebol moderno”. “O jogador precisa fazer sua independência financeira”. Com certeza, leitor, você já ouviu essas frases algumas vezes. São os chamados chavões do futebol. O que de tão falado cai na banalidade. Não traz mais novidades. Mas todas essas expressões ajudam a explicar o histórico dos reforços do Náutico para a temporada.

Itamar, por exemplo, foi contratado ao Balestier Khalsa, de Cingapura. Antes, o jogador havia passado por clubes da Indonésia. Para o meia, aceitar jogar na Ásia foi uma maneira de ter um bom retorno financeiro.

- Estava no Fluminense, um empresário me viu jogar e veio com uma proposta para ir para a Indonésia. Eu fiquei com medo, mas queria fazer a minha independência financeira. Por isso, aceitei – conta o jogador.

Além de Itamar, outros três reforços do clube já se aventuraram em países com pouca tradição no futebol. Com as experiências adquiridas, os jogadores pretendem fazer uma boa mistura no Náutico, tornando o time “globalizado”.

- A proposta para ir para a Polônia veio quando eu estava jogando o Campeonato Paulista. O time deles (MKS Pogón) estava treinando em São Paulo e o técnico me viu jogar. Aí, me chamaram para ir para lá. O jogo deles é de muita força, muita jogada aérea. Consegui evoluir nesses quesitos. Agora, quero me firmar no Brasil. Estou treinando para ajudar o Náutico e espero me destacar – revela o volante Tinga, que também teve passagens pela República Tcheca, antes de chegar ao Cristal (Amapá), onde foi contratado pelo Timbu.Jogo de força e bola aérea também foi o que Gomes encontrou ao chegar aos Estados Unidos. E não gostou. No Colorado Rapids, o jogador atuava como volante. Ou tentava.

- Joguei muito pouco. A bola lá circula muito rápido. O estilo de jogo é na base do chutão. A bola sai da defesa direto para o ataque e nunca passa no meio-campo. Não posso dizer que evoluí muito. O que valeu foi conhecer outra cultura e outros hábitos – diz o jogador, que saiu dos EUA para jogar no Figueirense. Depois, ainda teve uma passagem pelo Goiás antes de chegar este ano ao Timbu.

A diferença de cultura é um fato citado por todos os jogadores como um “algo a mais” que ganharam. Mas nem tudo são flores. As diferenças, por vezes, causavam problemas.

- Uma vez, na concentração, fui comer uma feijoada e todo mundo ficou olhando para mim. Aí me perguntaram se tinha porco na comida e eu disse que sim. Foi um rebuliço, porque a religião deles não permite comer isso. Depois, sempre que eu queria comer alguma coisa e não queria dar para ninguém, dizia que tinha porco – brinca Itamar.

Além da cultura diferente, a língua é também sempre um desafio a ser vencido pelos jogadores que se aventuram a atuar fora do país.

- Na Polônia, tinha muitos brasileiros no time, então não foi tão complicado. Mas, na República Tcheca, eu precisava usar um tradutor. Os jogadores locais me ajudavam muito também – relembra Tinga.

Contudo, alguns jogadores contrariam a tese da difculdade de comunicação. Para Gomes, a barreira linguística não existe:

- No futebol, o idioma é o mesmo em qualquer lugar do mundo.

E é nesse idioma que o torcedor do Timbu espera que os reforços se entendam e falem a mesma língua em campo. De preferência, a língua do bom futebol. E das vitórias.
FONTE:Globo Esporte

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